O nascimento de um bebê é um momento de muita alegria para as famílias. Depois de meses de espera, é possível conhecer o novo integrante que vai transformar a vida e rotina dos outros familiares. Foi uma jornada de semanas que, provavelmente, conteve dúvidas e ansiedade para esse momento.
Por melhor que seja esse momento, é a hora dos responsáveis colocarem em prática a maternidade e paternidade. Precisam identificar os sinais que o bebê dá e tentar resolver da melhor forma.
Uma das primeiras preocupações assim que o bebê nasce é a glicemia. No próprio hospital, alguns recém-nascidos precisam de complementação com fórmula, mesmo com o aleitamento materno. Algumas famílias ficam receosas durante as primeiras semanas. Uma das maiores dúvidas é: será que preciso acordar o bebê para mamar a cada 3 horas? Ele pode ter hipoglicemia.
Por isso, vou dar algumas informações sobre esse tema.
O que é a hipoglicemia neonatal?
A hipoglicemia é a baixa concentração de açúcar no sangue. Neonatal significa que é em um recém-nascido. Durante as primeiras 48 horas de vida de um bebê, é natural que ele tenha níveis glicêmicos mais baixos. Isso ocorre mesmo em bebês saudáveis.
Por isso, a Academia Americana de Pediatria, em 2011, e a Sociedade de Endocrinologia Pediátrica, em 2015, definiram valores base para diagnosticar a hipoglicemia neonatal.
Recém-nascidos sintomáticos:
– < 40 mg/dL nas primeiras 24 horas de vida
– < 50 mg/dL entre 24 e 48 horas de vida
– < 60 mg/dL a partir de 48 horas de vida
Recém-nascidos assintomáticos
– 25 mg/dL até 4 horas de vida
– 35 mg/dL entre 4 e 24 horas de vida
– 50 mg/dL entre 24 e 48 horas de vida
– 60 mg/dL a partir de 48 horas de vida
Geralmente, essa triagem é realizada assim que o bebê se alimenta pela primeira vez ou com 3 horas de vida, pois é um período no qual a criança já mamou. Depois, de 3 em 3 ou de 6 em 6 horas é medido novamente para garantir que está tudo bem. O período crucial para a verificação são as primeiras 24 horas. Porém, alguns bebês precisam de 48 horas de monitoramento.
Contudo, se o bebê é saudável, não apresenta condições de risco e não é prematuro, não é necessário um controle de glicemia nas primeiras 24 horas. É comum que a equipe verifique apenas se o recém-nascido está conseguindo mamar.
Sintomas da hipoglicemia neonatal
Nem todos os bebês apresentam sintomas da hipoglicemia. Existem assintomáticos.
Esse é um dos motivos para que exista o valor base de hipoglicemia.
Os principais sintomas são:
- choro anormal
- dificuldade na sucção
- tremores
- taquicardia
- palidez
- hipotermia
- convulsão
- respiração acelerada (taquipneia)
- letargia
- cianose (pele, unhas e/ou lábios arroxeados)
Principais causas de hipoglicemia neonatal
A hipoglicemia ocorre com maior incidência em recém-nascidos prematuros ou que tenham alguma condição de risco apontada durante a gravidez ou no momento do parto. Mesmo assim, existem causas que são mais relacionadas com a hipoglicemia.
– Recém-nascidos com restrição do crescimento intra-uterino
– Tratamento materno com beta-bloqueador
– Doença hemolítica por incompatibilidade Rh
– Síndrome de Beckwith-Wiedmann
– Asfixia/hipoxemia
– Cardiopatia congênita
– Sepse
– Recém-nascidos grandes para a idade gestacional (GIG)
– Policitemia
De acordo com o Portal de Boas Práticas da Fiocruz, não existem estudos conclusivos que apontem um período ideal de amamentação para evitar a hipoglicemia. Ou seja, não existe nada que comprove que se o bebê não mamar a cada 2, 3 ou 4 horas irá apresentar hipoglicemia.
O ideal é ter o aleitamento de livre demanda. Portanto, vai depender de quanto o recém-nascido consegue sugar de leite da mãe.
Tratamentos da hipoglicemia neonatal
O mais comum é tentar dar leite materno. É o alimento mais completo para o recém-nascido, principalmente no início da vida. Caso a criança não esteja conseguindo ter a pega ou então a mãe esteja impossibilitada de amamentar, primeiramente, há a tentativa de ordenha do leite materno. Alguns hospitais possuem áreas voltadas a essa atividade.
Outra opção que é bastante saudável, quando possível, é utilizar o leite do banco de leite. O leite é doado por uma mãe que produz em demasia e bem aproveitado por um bebê em necessidade.
A fórmula também pode ser uma ótima alternativa. É preciso reforçar que a mãe não precisa se culpar por usar a fórmula. A fórmula é uma opção que os próprios profissionais da saúde oferecem. É extremamente seguro e vai ajudar com a situação da hipoglicemia do seu filho.
Atualmente, existem diversos estudos para analisar quais outras alternativas seriam possíveis. Na Nova Zelândia, uma pesquisa usando gel de dextrose a 40% foi bastante satisfatória. Ao usar uma dose de 200 mg/kg, esfregando o gel na mucosa do bebê, os pesquisadores notaram que esses bebês tiveram menor incidência da necessidade de medicamento ou glicose na veia. Além disso, também melhoraram o aleitamento materno.
Aqui no Brasil, esse gel é encontrado em diversos hospitais. O uso é para evitar um pouco a fórmula.
Em hipoglicemias persistentes é preciso que um endocrinologista pediátrico acompanhe o tratamento. Alguns medicamentos podem ser utilizados e terapias complementares para melhorar o quadro do recém-nascido. Porém, tudo com acompanhamento de um especialista.
Parece um pouco assustador, mas é preciso confiar na equipe que você tem para receber o seu bebê. A equipe de saúde está preparada e sabe identificar os sinais de uma hipoglicemia.
Se informar sobre o assunto é uma forma de se prevenir e saber o que pode acontecer no período neonatal.